- use a espada, dois para cada - eu falei para ela, mas não precisava ter dito ela jah estava com a espada na mão ao meu lado
- voce esta bem soldado? - por que ela me chamou assim?
- estou rainha, e voce minha rainha?
- otima, vamos terminar com eles
atacamos, mas logo percebi que ela estava ferida, deve ter sido quando um deles a atacou antes, matei dois e ela duelava com os outros dois ao mesmo tempo, fui ajuda - la mas ela conseguiu matar eles
joe off
zac on
a cena era devastadora, e impossivel de acreditar, o kevin e a dani mortos no chão , com as gasgantas cortadas, daniel chegou perto deles e conferiu a pulsação, era rotina, por mais que nós soubesemos o resultado
- estão mortos, coitado do joe e da vanessa
- eles não mereciam, mas acho que o berro que nós escutamos foi dela
- tbem acho isso
- vamos pegar o rei e a rainha e dar o fora, ele vai voltar e eles tem que estar em segurança
- vamos
nós nos dirigimos para os aposentos reais e foi mos para o quarto da rainha selena e do rei nicholas, mas essa estava vazio procuramos em toda parte, mas eles haviam desaparecido junto com os guardas que eu enviei para protege-los
- senhor venha ver isso aqui - chamou em dos soldados
- o que foi? - respondi
- eu achei isso
ele me monstrou um bilhete, resumindo dizia que havia raptado o rei e a rainha e que voltaria para pegar a rainha demetria, assinado FN , acho que todos sabem quem eh esse cara, tenho que encontrar o joe
JEMI_amor acima de tudo
terça-feira, 28 de setembro de 2010
CAPITULO 2
sel: a demi acha, quer dizer, eu acho que eu tbem acho isso, quer dizer, eu não sei se a demi ta certa, mas talvez ela estaja quer dizer ( me embolei tuda )
nick: para, não to entendendo nada
sel: resumindo
nick: eh assim vai fica mais facil
sel: promete que me ama
nick: que isso selly? eh claro que eu te amo
sel: eu to gravida
eu sorri e olhei pra ele
o nick so se levantou e me beijou
nick: eu te amo selena
sel: tbem te amo nick
nós nos beijamos de novo, mas então ouvimos um berro
olhei assustada pra ele
nick(sussurando): fica aqui, eu vou ver o que ta acontecendo, vo chama a demi
sel off
daniel on
a guerra começou, de repente algo explodiu , alguem gritou e então silencio, não se ouvia nada, não se via nada, eu sabia de 3 coisas, 1ª joe e zac estavam do me lado , 2ª kevin havia sumido, 3ª o feiticeiro negro voltou.
meu pai era o capitão , ele mandou todos entrarmos no castelo, então fomos, eu joe e zac na frente, nós nos dirigimos aos aposentos reais, quando chegamos perto , alguem tocou me ombro, instintivamente saquei minha espada, a pessoa recuou, então percibi que era um o rei nick
- desculpa senhor, não o reconheci - falei sussurando
- tudo bem, voces tem que me ajudar, não acho a rainha demi e minha esposa esta la em cima - ele respondeu no mesmo tom
- joe, va procurar a rainha demi , senhor volte para sua esposa, nós cuidaremos de tudo
- obrigado - disse ele jah subindo as escadas
joe foi em direção ao outro lado do castelo procurar a rainha, enquanto nós fomos para os fundos, local de onde veio o grito, mandei alguns soldados acompanharem o rei
chegando la nos deparamos com uma cena horrorosa
daniel off
joe on
sai para procurar a rainha, espero que ela esteja bem , nada pode acontecer com ela, então senti algo no meu pescoço
- quem é voce? - era uma mulher, logo reconheci a voz, era a rainha demi
- acalme- se minha rainha, sou um soldado de seu reino
- me desculpe, está tã o escuro aqui que não o vi direito
- vamos embora
- mas e a minha irmã , e o nick?
não tive tempo de responder, algo nos atacou
eu não tive reação , mas demi girou o apunhalou o agreçor com sua espada, mas havia muito mais
- eu sei que voce é a melhor arqueira do reino, está com o seu arco ai?
- ele está sempre comigo
- vou atacar com a espada , me de cobertura com o arco , ok?
- vai la
eu ataquei, foi treinado para ser o melhor espadachim e sou muito bom mesmo, mas tive grande ajuda, demi lançava flechas em nossos adversarios que corriam e se movimentavam o tempo todo , e ela sempre acertava,ela estava em um canto mais isolado, mas mesmo assim ela tinha visão de tudo , o que ajudou bastante, quando eles tentavam se aproximar, ou ela os acertavam com flechas ou eu os bolpeava mas estava escuro e ela não viu um deles se aproximar, eu gritei, mas ele estava perto demais, achei que ela fosse morrer, mas ela usou sua espada e o matou, totalmente imprecionante, mas depois disso suas flechas não eram tão precisas e errou uma ou duas, mas eles estavam no fim , restavam 4 agora e as flechas dela haviam terminado
- use a espada, dois para cada - eu falei para ela, mas não precisava ter dito ela jah estava com a espada na mão ao meu lado
- voce esta bem soldado? - por que ela me chamou assim?
- estou rainha, e voce minha rainha?
- otima, vamos terminar com eles
nick: para, não to entendendo nada
sel: resumindo
nick: eh assim vai fica mais facil
sel: promete que me ama
nick: que isso selly? eh claro que eu te amo
sel: eu to gravida
eu sorri e olhei pra ele
o nick so se levantou e me beijou
nick: eu te amo selena
sel: tbem te amo nick
nós nos beijamos de novo, mas então ouvimos um berro
olhei assustada pra ele
nick(sussurando): fica aqui, eu vou ver o que ta acontecendo, vo chama a demi
sel off
daniel on
a guerra começou, de repente algo explodiu , alguem gritou e então silencio, não se ouvia nada, não se via nada, eu sabia de 3 coisas, 1ª joe e zac estavam do me lado , 2ª kevin havia sumido, 3ª o feiticeiro negro voltou.
meu pai era o capitão , ele mandou todos entrarmos no castelo, então fomos, eu joe e zac na frente, nós nos dirigimos aos aposentos reais, quando chegamos perto , alguem tocou me ombro, instintivamente saquei minha espada, a pessoa recuou, então percibi que era um o rei nick
- desculpa senhor, não o reconheci - falei sussurando
- tudo bem, voces tem que me ajudar, não acho a rainha demi e minha esposa esta la em cima - ele respondeu no mesmo tom
- joe, va procurar a rainha demi , senhor volte para sua esposa, nós cuidaremos de tudo
- obrigado - disse ele jah subindo as escadas
joe foi em direção ao outro lado do castelo procurar a rainha, enquanto nós fomos para os fundos, local de onde veio o grito, mandei alguns soldados acompanharem o rei
chegando la nos deparamos com uma cena horrorosa
daniel off
joe on
sai para procurar a rainha, espero que ela esteja bem , nada pode acontecer com ela, então senti algo no meu pescoço
- quem é voce? - era uma mulher, logo reconheci a voz, era a rainha demi
- acalme- se minha rainha, sou um soldado de seu reino
- me desculpe, está tã o escuro aqui que não o vi direito
- vamos embora
- mas e a minha irmã , e o nick?
não tive tempo de responder, algo nos atacou
eu não tive reação , mas demi girou o apunhalou o agreçor com sua espada, mas havia muito mais
- eu sei que voce é a melhor arqueira do reino, está com o seu arco ai?
- ele está sempre comigo
- vou atacar com a espada , me de cobertura com o arco , ok?
- vai la
eu ataquei, foi treinado para ser o melhor espadachim e sou muito bom mesmo, mas tive grande ajuda, demi lançava flechas em nossos adversarios que corriam e se movimentavam o tempo todo , e ela sempre acertava,ela estava em um canto mais isolado, mas mesmo assim ela tinha visão de tudo , o que ajudou bastante, quando eles tentavam se aproximar, ou ela os acertavam com flechas ou eu os bolpeava mas estava escuro e ela não viu um deles se aproximar, eu gritei, mas ele estava perto demais, achei que ela fosse morrer, mas ela usou sua espada e o matou, totalmente imprecionante, mas depois disso suas flechas não eram tão precisas e errou uma ou duas, mas eles estavam no fim , restavam 4 agora e as flechas dela haviam terminado
- use a espada, dois para cada - eu falei para ela, mas não precisava ter dito ela jah estava com a espada na mão ao meu lado
- voce esta bem soldado? - por que ela me chamou assim?
- estou rainha, e voce minha rainha?
- otima, vamos terminar com eles
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
CAPITULO 1
demi on...
eu acabei de acorda, nossa ontem eu treinei muito, apesar de ser a melhor arqueirado reino tenho que treinar, a sel acha que eh idiotice, mas eu discordo, bom a gente eh irmã mas isso nã o quer dizer que tenho q pensar igual não eh?
sel: oi demi
demi:oi selly
sel: bom dia
demi: bom dia pra voce tbem
sel: a gente tem que conversa
demi: fala
sel: eu to meio mal
demi: como assim
sel: não sei , eu ando sentindo umas tonturas e uns enjoos
demi: selena , minha irmã eu sei o que voce tem
eu falei isso bem seria, eh obvio que ela ta gravida, mas vo aterrorisa ela um pouquinho
sel: sabe? sabe mesmo?
ela ta loka de medo
demi: sei, e eh muito grave, muito muito grave
sel: fala logo demi o que eh
demi: selena lovato lucas, minha amada irmã
sel: disinbucha demi
demi: isso não eh o linguajar de uma rainha, minha irmã
ela me olho de um jeito que até eu que so uma guerreira tive medo
demi: calma, a verdade eh que voce esta gravida
ela fico parada me olhando, acho que ela travo
demi: selly?
ela não moveu nem um musculo
demi: maninha?
ela desmaio, eu pequei ela antes que ela caise
coloquei ela na minha cama e fiquei tentando acorda-la
xxx: selly? o que q acanteceu demi?
demi: oi nick, a sel desmaio, me ajuda a acorda ela
a gente fico uns 20 min tentando acorda ela quando finalmente conseguiu
sel: ai minha cabeça, o que q houve? a ultima coisa que eu me lembro eh da demi falando que eu to...
acho que agora ela se deu conta que o nick ta aqui
sel: oi nick
nick: oi amor, a demi falo que voce ta o que?
acho que essa eh a minha deixa
demi: eu vo indo, beijos, e sel, eu tenho certeza disso
eu sai, não ia fica vendo essa domenstração de carinho, isso me enoja
demi off
sel on
a demi tem tanta certeza que eu to gravida, o nick ta me olhando , ele ta esperando uma resposta, o que eu falo
nick: então sel, o que voce tem?
sel: a demi acha, quer dizer, eu acho que eu tbem acho isso, quer dizer, eu não sei se a demi ta certa, mas talvez ela estaja quer dizer ( me embolei tuda )
nick: para, não to entendendo nada
sel: resumindo
nick: eh assim vai fica mais facil
sel: promete que me ama
nick: que isso selly? eh claro que eu te amo
sel: eu to gravida
eu sorri e olhei pra ele
o nick so se levantou e ...
____________________
essa capitulo foi a minha amiga que fez o dois vai ser eu
beijos
eu acabei de acorda, nossa ontem eu treinei muito, apesar de ser a melhor arqueirado reino tenho que treinar, a sel acha que eh idiotice, mas eu discordo, bom a gente eh irmã mas isso nã o quer dizer que tenho q pensar igual não eh?
sel: oi demi
demi:oi selly
sel: bom dia
demi: bom dia pra voce tbem
sel: a gente tem que conversa
demi: fala
sel: eu to meio mal
demi: como assim
sel: não sei , eu ando sentindo umas tonturas e uns enjoos
demi: selena , minha irmã eu sei o que voce tem
eu falei isso bem seria, eh obvio que ela ta gravida, mas vo aterrorisa ela um pouquinho
sel: sabe? sabe mesmo?
ela ta loka de medo
demi: sei, e eh muito grave, muito muito grave
sel: fala logo demi o que eh
demi: selena lovato lucas, minha amada irmã
sel: disinbucha demi
demi: isso não eh o linguajar de uma rainha, minha irmã
ela me olho de um jeito que até eu que so uma guerreira tive medo
demi: calma, a verdade eh que voce esta gravida
ela fico parada me olhando, acho que ela travo
demi: selly?
ela não moveu nem um musculo
demi: maninha?
ela desmaio, eu pequei ela antes que ela caise
coloquei ela na minha cama e fiquei tentando acorda-la
xxx: selly? o que q acanteceu demi?
demi: oi nick, a sel desmaio, me ajuda a acorda ela
a gente fico uns 20 min tentando acorda ela quando finalmente conseguiu
sel: ai minha cabeça, o que q houve? a ultima coisa que eu me lembro eh da demi falando que eu to...
acho que agora ela se deu conta que o nick ta aqui
sel: oi nick
nick: oi amor, a demi falo que voce ta o que?
acho que essa eh a minha deixa
demi: eu vo indo, beijos, e sel, eu tenho certeza disso
eu sai, não ia fica vendo essa domenstração de carinho, isso me enoja
demi off
sel on
a demi tem tanta certeza que eu to gravida, o nick ta me olhando , ele ta esperando uma resposta, o que eu falo
nick: então sel, o que voce tem?
sel: a demi acha, quer dizer, eu acho que eu tbem acho isso, quer dizer, eu não sei se a demi ta certa, mas talvez ela estaja quer dizer ( me embolei tuda )
nick: para, não to entendendo nada
sel: resumindo
nick: eh assim vai fica mais facil
sel: promete que me ama
nick: que isso selly? eh claro que eu te amo
sel: eu to gravida
eu sorri e olhei pra ele
o nick so se levantou e ...
____________________
essa capitulo foi a minha amiga que fez o dois vai ser eu
beijos
PERSONAGENS !!!!!!!!!!
Demetria Devonne Lovato
18 anos
melhor arqueira do reino, muito batalhadora e linda, eh disputada pelos homens mais ricos do reino, onde eh rainha, nunca prestou atenção a esses homens, diz que amor eh coisa de gente idiota, irmã de selena, tem poderes magicos, mas eles se restrigem a ler mentes, quando sua irmã e nick desaparecem vai atras do espelho magico.
18 anos
melhor arqueira do reino, muito batalhadora e linda, eh disputada pelos homens mais ricos do reino, onde eh rainha, nunca prestou atenção a esses homens, diz que amor eh coisa de gente idiota, irmã de selena, tem poderes magicos, mas eles se restrigem a ler mentes, quando sua irmã e nick desaparecem vai atras do espelho magico.
Joseph Adam Jonas
21 anos
soldado do reino de demi sel e nick, sempre achou demi bonita, mas tbem valente e corajosa, nunca falou com ela, quando o reino eh invadido perde seu irmão kevin e a esposa dele, danielle, resgata demi e a ajuda a encontrar o espelho magico.
21 anos
soldado do reino de demi sel e nick, sempre achou demi bonita, mas tbem valente e corajosa, nunca falou com ela, quando o reino eh invadido perde seu irmão kevin e a esposa dele, danielle, resgata demi e a ajuda a encontrar o espelho magico.
Selena Marie Gomez Lovato Lucas
18 anos
18 anos
irmã de demi , casado com nick, eh rainha, tem poderes magicos, mas eles são apenas de mostrar as pessoas o que ela pensa desaparece durante o ataque do feiticeiro negro
Nick Jerry Lucas
20 anos
rei , casado com selena, não tem poderes , sabe que demi e selena tem, sabe lutar, vai desaparecer durante a invasão20 anos
Vanessa Anne Hudgens Jonas
22 anos
irmão de joe, quando o reino eh invadido perde seu irmão kevin e a esposa dele, danielle, é apaixonada por zac, vai se tornar amiga de demi, e vai ajuda-la
22 anos
irmão de joe, quando o reino eh invadido perde seu irmão kevin e a esposa dele, danielle, é apaixonada por zac, vai se tornar amiga de demi, e vai ajuda-la
Zachary David Alexander Efron
22 anos
melhor amigo de joe,tambem é um soldado, apaixonado pela irmão do amigo, vanessa vai proteje-la e vai ajudar demi e joe
Emma Charlotte Duerre Watson
20 anos
filha de um soldado do reino , foi prometida a se casar com joe, mas não o ama, durante a guerra vai encontrar um grande amor
Daniel Jacob Radcliffe
21 anos
soldado do reino ao lado de joe e zac, seu pai quer que ele se casa com vanessa, mas ele não a ama, se tornou um soldado por que seu pai o obrigou, faz tudo que o pai quer , mas quando cohecer uma pessoa e se apaixonar por ela vai se revoltar contra o pai
Paul Kevin Jonas II e Danielle Deleasa Jonas
22 anos/22 anos
ele é irmão de joe e vanessa tambem era soldado, eles morrem duram o ataque do reino, mas continuam " vivos" como fantasmas guiando demi e joe, na verdade vão ajudar todos os personagens.
Feiticeiro Negro
( sem idade )
por algum motivo odeia as irmãs lovatos e os irmãos jonas, tenta matar todos eles, fara de tudo para vencer.
_______________________________22 anos/22 anos
ele é irmão de joe e vanessa tambem era soldado, eles morrem duram o ataque do reino, mas continuam " vivos" como fantasmas guiando demi e joe, na verdade vão ajudar todos os personagens.
Feiticeiro Negro
( sem idade )
por algum motivo odeia as irmãs lovatos e os irmãos jonas, tenta matar todos eles, fara de tudo para vencer.
espero que voces gostem da nova historia, na verdade eu tive a ideia um tempo atras, mas não fiz e uma amiga minha começo a fazer, mas não acabou, agora eu voltei com ela.
beijos
TO DE VOLTA!!!!!!!!!!!!!
oi gente , eu estou de volta, e vim com tudo , pra quem segue o meu outro blog sabe o motivo do meu desaparecimento, pra quem não segue, o motivo foi que eu perdi a senha do blog e do e-mail ¬¬'
sobre a historia, eh o seguinte , ela era baseada em um livro, mas eu não tenho mais o livro, pq eu troquei de pc, então hitória nova.
beijos e me desculpem por deixar voces na mão
amo voces
e desculpa de novo
sobre a historia, eh o seguinte , ela era baseada em um livro, mas eu não tenho mais o livro, pq eu troquei de pc, então hitória nova.
beijos e me desculpem por deixar voces na mão
amo voces
e desculpa de novo
quinta-feira, 6 de maio de 2010
capitulo 6
— Bem vindos à Meia Noite. – disse, abrindo as mãos em um gesto de acolhida. Ela
tinha unhas grandes e translúcidas. – Alguns de vocês já estiveram aqui antes. Outros já
ouviram falar da Academia Meia Noite durante anos, talvez as suas famílias, e vocês se
perguntaram se algum dia entrariam em nossa escola. Este ano, aliás, contamos com um
novo tipo de estudantes, resultados de uma mudança na política de admissão.
Acreditamos que há chegado o momento de que nossos alunos conheçam um leque maior
de pessoas de origens variadas e, deste modo, prepará-los melhor para o mundo que os
esperam do outro lado das paredes de nossa instituição. Todos nós temos muito que
aprender desses outros estudantes, e estou certa que os tratarão com o respeito que
merecem.
Para o caso, poderiam ter pintado com spray vermelho em gigantescas letras:
ALGUNS DE VOCÊS NÃO SE ENCAIXAM AQUI. A "nova política de admissão" era,
sem dúvida, a responsável da presença do surfista e da garota do cabelo curto. Pelo visto,
nem se quer os consideravam "verdadeiros" alunos da Meia Noite, sendo que
representavam unicamente uma experiência educativa para os alunos "legítimos".
Eu não fazia parte da nova política. Se não fossem por meus pais, não estaria ali.
Em outras palavras: nem sequer era suficientemente diferente deles para me
considerarem um dos marginalizados.
— Em Meia Noite não tratamos nossos alunos como se fossem crianças. – A
senhora Darbus não se dirigia a ninguém especificamente, mas parecia se limitar a
observar por cima de todos com uma espécie de olhar distante que, no entanto, abrangia a
tudo o que entrava em seu campo de visão. – Eles têm vindo para aprender a se
comportar como adultos do século XXI, e assim é como se espera que se comportem. No
entanto, isso não significa que Meia Noite careça de normas. A posição que ocupamos
nos exige manter a mais estrita das disciplinas. Esperamos muito de vocês.
Não mencionou quais seriam as repercussões no caso de quebrarem as regras, mas
eu temia que os castigos só fossem o aperitivo.
Minhas mãos suavam. Estava cada vez mais corada e tinha a impressão que
chamava a atenção como um sinalizador. Eu tinha me prometido ser forte e não permitir
que as pessoas me intimidassem, mas palavras os ventos levam. Os altos tetos e as
paredes do grande saguão, parecia se fechar sobre mim. Inclusive senti que começava a
ficar sem ar.
Minha mãe conseguiu chamar minha atenção sem me fazer nenhum gesto nem me
chamar pelo nome, como costumam fazer as mães. Meus pais estavam em uma das
extremidades da fila de professores esperando para que os apresentassem e ambos
sorriram para mim com confiança. Eles queriam ver-me desfrutar do momento.
A infundada esperança foi o que sobrecarregou o copo. Já era suficientemente duro
ter que lutar contra o medo, para por cima me ver obrigada a enfrentar a sua decepção.
— As aulas começarão amanhã. – concluiu senhora Darbus – Por hoje, instalemse
em seus quartos, apresentem-se a seus colegas, passeiem pelas instalações. Contamos
com que estejam preparados. É um prazer tê-los aqui e esperamos que vocês saibam
aproveitar sua estadia em Meia Noite.
A sala irrompeu em aplausos e a senhora Darbus os agradeceu com um ligeiro
sorriso e uma caída de olhos, um piscar lento e satisfeito, como o de um gato bem
alimentado. Em seguida, o sussurro generalizado voltou a se impor na sala, mais violento
do que antes. Só tinha uma pessoa com que eu desejava falar e estava claro que essa
poderia ser a única pessoa que talvez se interessasse em falar comigo.
Rodeei toda a sala mantendo as costas sempre pressas à parede. O procurei entre a
multidão com desesperação, ansiando um vislumbre da faísca de cabelo castanho escuro de Joe, suas largas costas ou seus olhos verdes escuros. Se eu o procurava e
ele estivesse me procurando, cedo ou tarde teríamos que nos encontrar. Apesar do pânico
que me provocavam as massificações de pessoas, e minha tendência de exagerá-las, sabia
que só tinha uns duzentos alunos naquele lugar.
Disse a mim mesma que Joe se sobressairia, que não era como os outros: frio,
pedante e vaidoso. No entanto, em seguida compreendi o quão enganada eu estava. Joe
não era pedante, mas compartilhava o mesmo aspecto: traços belos e definidos, o mesmo
corpo de perfeitas proporções e a mesma... em fim, a mesma perfeição. Não se destacaria
demais no meio daquelas pessoas tão perfeitas porque na verdade ele fazia parte delas.
Diferente de mim.
À medida que os professores e alunos se dispersavam, a multidão foi gradualmente
diminuindo. Fiquei vagando por lá até que fui quase a única que ficou no grande saguão.
Eu estava convencida que Joe viria me procurar. Ele sabia o quão assustada eu estava e
se sentia responsável por ter me assustado ainda mais. Será que ele nem se quer queria
me cumprimentar?
No entanto, ele não apareceu. No final tive que aceitar que o tinha julgado mal e
isso significava que não tinha mais remédio a não ser ir conhecer minha colega de quarto.
Subi os degraus de pedra lentamente. Meus sapatos novos de solas duras repicavam
contra o chão e meus passos ressoavam com grande escândalo. O que eu tinha desejado
era continuar subindo até o último andar e ir diretamente para o apartamento dos meus
pais, mas sabia que me iriam me enviar escada a baixo imediatamente assim que eu
abrisse a porta. Eu tinha tempo de sobra para pegar minhas coisas e me mudar
definitivamente depois de comer. No momento a prioridade era “me instalar”.
Tentei olhar pelo lado positivo. Talvez a escola tivesse intimidado minha colega de
quarto tanto quanto a mim. Certamente as coisas seriam mais simples se eu convivesse
com outra "marginalizada". Ia ser uma tortura ter que viver com uma estranha, me ver
obrigada a compartilhar o mesmo espaço com alguém a quem eu não conhecia, inclusive
de noite, ainda que eu esperava que isso acabaria passando. Nem nos meus melhores
sonhos imaginava fazer amizade com ninguém.
No formulário dizia "Miley Ray Cyrus”. Tentei relacionar o nome com a garota
que lembrava, mas ela não batia com ele, mas quem poderia saber?
Abri a porta e descobri, com a alma nos pés, que o nome de minha colega lhe servia
como um anel no dedo. Não era nenhuma marginal. Na verdade era a mesma
personificação do protótipo da Meia Noite.
A pele de Miley tinha a tonalidade de um rio ao amanhecer, uma pele excelentemente torrada e suave, e tinha o cabelo encaracolado preso em um coque frouxo
que deixava à vista seus brincos de pérolas e um esbelto pescoço. Estava sentada diante
da penteadeira e me olhou enquanto ordenava cuidadosamente seus vidros de esmaltes.
— Então você é Demi – disse. Nem apertos de mão, nem abraços, somente o
tilintar dos esmaltes contra a penteadeira: rosa pálido, coral, melão, branco – Você não é
como eu esperava.
Muito obrigada.
— Eu digo o mesmo.
Miley inclinou a cabeça e me esquadrinhou com o olhar. Perguntei-me se já nos
odiávamos. Levantou uma mão com manicura perfeita e começou a deixar claro vários
pontos contando com os dedos.
tinha unhas grandes e translúcidas. – Alguns de vocês já estiveram aqui antes. Outros já
ouviram falar da Academia Meia Noite durante anos, talvez as suas famílias, e vocês se
perguntaram se algum dia entrariam em nossa escola. Este ano, aliás, contamos com um
novo tipo de estudantes, resultados de uma mudança na política de admissão.
Acreditamos que há chegado o momento de que nossos alunos conheçam um leque maior
de pessoas de origens variadas e, deste modo, prepará-los melhor para o mundo que os
esperam do outro lado das paredes de nossa instituição. Todos nós temos muito que
aprender desses outros estudantes, e estou certa que os tratarão com o respeito que
merecem.
Para o caso, poderiam ter pintado com spray vermelho em gigantescas letras:
ALGUNS DE VOCÊS NÃO SE ENCAIXAM AQUI. A "nova política de admissão" era,
sem dúvida, a responsável da presença do surfista e da garota do cabelo curto. Pelo visto,
nem se quer os consideravam "verdadeiros" alunos da Meia Noite, sendo que
representavam unicamente uma experiência educativa para os alunos "legítimos".
Eu não fazia parte da nova política. Se não fossem por meus pais, não estaria ali.
Em outras palavras: nem sequer era suficientemente diferente deles para me
considerarem um dos marginalizados.
— Em Meia Noite não tratamos nossos alunos como se fossem crianças. – A
senhora Darbus não se dirigia a ninguém especificamente, mas parecia se limitar a
observar por cima de todos com uma espécie de olhar distante que, no entanto, abrangia a
tudo o que entrava em seu campo de visão. – Eles têm vindo para aprender a se
comportar como adultos do século XXI, e assim é como se espera que se comportem. No
entanto, isso não significa que Meia Noite careça de normas. A posição que ocupamos
nos exige manter a mais estrita das disciplinas. Esperamos muito de vocês.
Não mencionou quais seriam as repercussões no caso de quebrarem as regras, mas
eu temia que os castigos só fossem o aperitivo.
Minhas mãos suavam. Estava cada vez mais corada e tinha a impressão que
chamava a atenção como um sinalizador. Eu tinha me prometido ser forte e não permitir
que as pessoas me intimidassem, mas palavras os ventos levam. Os altos tetos e as
paredes do grande saguão, parecia se fechar sobre mim. Inclusive senti que começava a
ficar sem ar.
Minha mãe conseguiu chamar minha atenção sem me fazer nenhum gesto nem me
chamar pelo nome, como costumam fazer as mães. Meus pais estavam em uma das
extremidades da fila de professores esperando para que os apresentassem e ambos
sorriram para mim com confiança. Eles queriam ver-me desfrutar do momento.
A infundada esperança foi o que sobrecarregou o copo. Já era suficientemente duro
ter que lutar contra o medo, para por cima me ver obrigada a enfrentar a sua decepção.
— As aulas começarão amanhã. – concluiu senhora Darbus – Por hoje, instalemse
em seus quartos, apresentem-se a seus colegas, passeiem pelas instalações. Contamos
com que estejam preparados. É um prazer tê-los aqui e esperamos que vocês saibam
aproveitar sua estadia em Meia Noite.
A sala irrompeu em aplausos e a senhora Darbus os agradeceu com um ligeiro
sorriso e uma caída de olhos, um piscar lento e satisfeito, como o de um gato bem
alimentado. Em seguida, o sussurro generalizado voltou a se impor na sala, mais violento
do que antes. Só tinha uma pessoa com que eu desejava falar e estava claro que essa
poderia ser a única pessoa que talvez se interessasse em falar comigo.
Rodeei toda a sala mantendo as costas sempre pressas à parede. O procurei entre a
multidão com desesperação, ansiando um vislumbre da faísca de cabelo castanho escuro de Joe, suas largas costas ou seus olhos verdes escuros. Se eu o procurava e
ele estivesse me procurando, cedo ou tarde teríamos que nos encontrar. Apesar do pânico
que me provocavam as massificações de pessoas, e minha tendência de exagerá-las, sabia
que só tinha uns duzentos alunos naquele lugar.
Disse a mim mesma que Joe se sobressairia, que não era como os outros: frio,
pedante e vaidoso. No entanto, em seguida compreendi o quão enganada eu estava. Joe
não era pedante, mas compartilhava o mesmo aspecto: traços belos e definidos, o mesmo
corpo de perfeitas proporções e a mesma... em fim, a mesma perfeição. Não se destacaria
demais no meio daquelas pessoas tão perfeitas porque na verdade ele fazia parte delas.
Diferente de mim.
À medida que os professores e alunos se dispersavam, a multidão foi gradualmente
diminuindo. Fiquei vagando por lá até que fui quase a única que ficou no grande saguão.
Eu estava convencida que Joe viria me procurar. Ele sabia o quão assustada eu estava e
se sentia responsável por ter me assustado ainda mais. Será que ele nem se quer queria
me cumprimentar?
No entanto, ele não apareceu. No final tive que aceitar que o tinha julgado mal e
isso significava que não tinha mais remédio a não ser ir conhecer minha colega de quarto.
Subi os degraus de pedra lentamente. Meus sapatos novos de solas duras repicavam
contra o chão e meus passos ressoavam com grande escândalo. O que eu tinha desejado
era continuar subindo até o último andar e ir diretamente para o apartamento dos meus
pais, mas sabia que me iriam me enviar escada a baixo imediatamente assim que eu
abrisse a porta. Eu tinha tempo de sobra para pegar minhas coisas e me mudar
definitivamente depois de comer. No momento a prioridade era “me instalar”.
Tentei olhar pelo lado positivo. Talvez a escola tivesse intimidado minha colega de
quarto tanto quanto a mim. Certamente as coisas seriam mais simples se eu convivesse
com outra "marginalizada". Ia ser uma tortura ter que viver com uma estranha, me ver
obrigada a compartilhar o mesmo espaço com alguém a quem eu não conhecia, inclusive
de noite, ainda que eu esperava que isso acabaria passando. Nem nos meus melhores
sonhos imaginava fazer amizade com ninguém.
No formulário dizia "Miley Ray Cyrus”. Tentei relacionar o nome com a garota
que lembrava, mas ela não batia com ele, mas quem poderia saber?
Abri a porta e descobri, com a alma nos pés, que o nome de minha colega lhe servia
como um anel no dedo. Não era nenhuma marginal. Na verdade era a mesma
personificação do protótipo da Meia Noite.
A pele de Miley tinha a tonalidade de um rio ao amanhecer, uma pele excelentemente torrada e suave, e tinha o cabelo encaracolado preso em um coque frouxo
que deixava à vista seus brincos de pérolas e um esbelto pescoço. Estava sentada diante
da penteadeira e me olhou enquanto ordenava cuidadosamente seus vidros de esmaltes.
— Então você é Demi – disse. Nem apertos de mão, nem abraços, somente o
tilintar dos esmaltes contra a penteadeira: rosa pálido, coral, melão, branco – Você não é
como eu esperava.
Muito obrigada.
— Eu digo o mesmo.
Miley inclinou a cabeça e me esquadrinhou com o olhar. Perguntei-me se já nos
odiávamos. Levantou uma mão com manicura perfeita e começou a deixar claro vários
pontos contando com os dedos.
terça-feira, 4 de maio de 2010
capitulo 5
Era o mesmo tipo de discurso que ele fazia quando eu era pequena antes de ter que
engolir o xarope para tosse.
— Não quero voltar a ter essa conversa agora.
— Patrick, deixe-a em paz. – Minha mãe me estendeu um copo antes de voltar para
a cozinha, onde havia algo fritando em uma frigideira. – Além do mais, como não
acordamos cedo, nós vamos chegar tarde à reunião do corpo docente antes da
apresentação.
Meu pai consultou a hora e resmungou.
— Por que colocam essas coisas tão cedo? Como se alguém quisesse ter que descer
lá à essas horas.
— Tem toda razão. – murmurou minha mãe.
Para eles, qualquer hora antes do meio dia era cedo demais. No entanto, tinham
trabalhado como professores desde que me lembrava, sem esquecerem nem um único dia
de sua grande disputa com as oito da manhã.
Acabaram de se preparar enquanto eu tomava o café da manhã, fizeram algumas
brincadeiras com intenção de me animar e me deixaram sozinha sentada à mesa. Pois
bem. Muito tempo depois que desceram as escadas e os ponteiros do relógio se
arrastaram sigilosamente para a hora da apresentação, eu continuei na cadeira. Acho que
eu tentava me convencer de que, enquanto não terminasse com meu café, não teriam que
ir conhecer todas essas pessoas novas.
O fato de que Joe estaria entre elas – um rosto amigo, um protetor – ajudava um
pouco. Mas não muito.
Finalmente, quando ficou óbvio que não poderia mais adiar, entrei em meu quarto e
vesti o uniforme da Meia Noite. Odiava o uniforme; eu nunca havia tido que usá-lo. No
entanto, o pior de tudo foi que, ao entrar no meu quarto, voltei a recordar o estranho
pesadelo que tinha tido essa noite.
Uma camisa branca engomada.
Espinhos arranhando minha pele, me surrando, me animando a regressar.
Uma saia vermelha pregueada.
Pétalas se ondulando para cima e se escurecendo, como se queimassem no meio de
uma fogueira.
Um suéter cinza com o escudo da Meia Noite.
OK. Esta não é uma boa ocasião para deixar de ser uma mórbida irremediável?
Como já, por exemplo?
Decidida a me comportar como uma adolescente normal e comum pelo menos no
primeiro dia de aula, eu me olhei no espelho. O uniforme não me caia precisamente mal,
ainda que também não caia lindo de morrer. Fiz um rabinho no cabelo, sacudi um
raminho que tinha me passado despercebido e decidi não dar mais volta: já estava
preparada.
A gárgula continuava me encarando insistentemente, como se tivesse se
perguntando como era possível que alguém pudesse ter essa pinta. Ou talvez estivesse
zombando pelo tumultuoso fracasso do meu plano. Pelo menos não teria mais que olhar
para sua horripilante cara. Endireitei-me e saí do meu quarto... pela última vez: deixava
de me pertencer de agora em diante.
Tinha estado vivendo no internato com meus pais no último mês, então tive tempo
para explorar a escola de cima a baixo: desde o grande saguão até as classes importantes
no térreo, que depois se dividiam em duas torres enormes. Os garotos viviam na torre
Norte com parte dos apartamentos dos professores, e, além disso, tinha um par de salas
que cheiravam a mofo e estavam cheias de arquivos, onde pelo visto iam parar todos os
registros. As garotas se alojavam na Torre Sul, junto com o restante dos apartamentos dos
professores, incluindo minha família. Os andares superiores do edifício principal, em
cima do grande saguão, se alojavam as salas e a biblioteca. Com o tempo, tinham
ampliado e feito adições à Meia Noite, portanto nem todas as seções tinham o mesmo
estilo ou estavam em perfeita simetria com o resto. Havia alguns corredores serpenteantes
que não conduzia a parte alguma. Do quarto da minha torre eu estudava o telhado, um
manto de fragmentos de arcos, taboas e estilos diferentes. Tinha aprendido a me mover
pelo edifício e seus arredores, era a única forma para me sentir preparada para enfrentar o
que vinha pela frente.
Voltei a descer os degraus. Dava na mesma todas as vezes que fazia esse caminho,
sempre tinha a sensação de que cairia rolando pela desgastada escada até o último degrau.
Olha como você é idiota se preocupando com pesadelos com flores murchas ou com cair
da escada, disse a mim mesma. Aguardava-me algo muito mais assustador.
Cheguei embaixo e saí ao saguão. Essa mesma manhã, mais cedo, tudo estava em
silêncio, como em uma catedral. Agora, estava abarrotado de gente e suas vozes
ressoavam em todas as partes. Apesar dos barulhos, tive a sensação de que meus passos
retumbaram na sala porque várias pessoas se viraram para mim de uma vez; era como se
todo mundo tivesse se virado para olhar o intruso, como se eu levasse pendurado no
pescoço um letreiro em neon que dizia: A NOVA.
Os alunos, reunidos em grupos muito apertados para que pudesse entrar um recém
chegado, voltaram seus vivos olhos escuros para mim. Foi como se todos pudessem sentir
o pavor pairado do meu coração. Todos me pareciam iguais, não de uma maneira clara e
precisa, mas sim da perfeição que compartilhavam. Os cabelos de todas as garotas
brilhavam, e elas os deixavam soltos sobre os ombros ou presos em um elegante coque.
Todos os garotos pareciam seguros de si mesmos e vigorosos, com sorrisos que lhes
serviam de máscaras. Todo mundo vestia o uniforme: suéteres, saias, jaquetas e calças
com todas as variações possíveis: cinzas, vermelhos, com xadrez, pretos. Todos levavam
o escudo do corvo bordado e o resplandeciam como se fosse o brasão de sua família.
Todos esbanjavam segurança, superioridade e desdém. Senti o calor que se desprendia ali
em pé, na periferia do lugar, mudando de um pé para o outro, desconfortável.
Ninguém me cumprimentou.
O murmúrio geral voltou a se impor imediatamente. Pelo visto, as garotas novas
deselegantes não mereciam mais que alguns instantes de atenção. Minhas bochechas
queimavam de vergonha, porque era óbvio que tinha feito alguma coisa errada, mas não
consegui imaginar o que poderia ser. Por acaso teriam sentido, assim como eu, que na
verdade eu não iria me encaixar ali?
Perguntei-me por onde andava Joe. Estiquei o pescoço, o procurando pela
multidão. Achava que poderia enfrentar tudo aquilo se Joe estivesse do meu lado.
Talvez fosse uma idiotice nutrir esse tipo de sentimento para um cara que eu mal
conhecia, mas o fiz assim mesmo. Joe tinha que estar em algum lugar, mas não
consegui encontrá-lo. Sentia-me completamente sozinha no meio de todas essas pessoas.
À medida que ia margeando o salão para um canto, comecei a reparar em que havia
outros alunos que estavam na mesma situação que eu ou, pelo menos, que também eram
novos. Um garoto loiro com um bronzeado de praia vestia uma roupa tão amassada que
dava a impressão ter dormido vestindo ela, ainda que precisamente ali não parecesse que
ir super-informal fosse te fazer ganhar pontos. Por baixo da jaqueta, mas encima do
suéter, usava aberta uma camisa Havaiana de cores tão berrantes que se destacavam na
penumbra de Meia Noite. Também havia uma garota com o cabelo muito escuro e tão
curto que parecia um garoto. O corte de cabelo não era descontraído e juvenil, mas sim
dava a impressão de que foi feito com uma navalha de barbear de um jeito que melhor lhe
tinha parecido. O uniforme, dois números maior, penduravam pelos ombros. Era como se
as pessoas se afastassem dela, como se os repelisse com um campo de energia. Como se
fosse invisível. Tinham-lhe colocado o sambenito de insignificante, antes mesmo da
primeira aula.
Como eu podia ter tanta certeza disso? Bem, porque também tinha acontecido
comigo. Estava parada na periferia da multidão, agoniada pelos murmúrios, intimidada
pelo sagão de pedra e tão perdida quanto se pode estar.
— Atenção!
A voz retumbante quebrou o barulho e o reduziu ao silêncio. Todo mundo se voltou
de uma vez para o extremo do grande saguão, onde a Senhora Darbus, a diretora, tinha
subido ao pódio.
Ela era uma mulher alta, de abundante cabelo escuro que levava preso no cangote,
com as mulheres da época vitoriana. Foi-me impossível adivinhar sua idade. Usava uma
blusa de renda que se fechava com um broche dourado no pescoço. Se você considera
que a severidade é um sinônimo de beleza, não haveria ninguém mais atrativo que ela. Eu
a tinha conhecido quando meus pais e eu nos instalamos nos apartamentos do corpo
docente e ela já tinha me intimidado um pouco, ainda que me obrigasse a lembrar que
mal a conhecia.
De qualquer forma, nesse momento ela parecia mais imponente ainda. Ao ver com
que imediata e facilidade impunha ordem naquela sala cheia de pessoas, – as mesmas que
haviam me excluído de mútuo e tácito acordo antes de me dar a oportunidade de que me
ocorresse algo que dizer – compreendi pela primeira vez que a senhora Darbus tinha
poder. E não se tratava do poder que acompanha de maneira inerente ao cargo de
diretora, mas sim ao poder real, ao inato.
engolir o xarope para tosse.
— Não quero voltar a ter essa conversa agora.
— Patrick, deixe-a em paz. – Minha mãe me estendeu um copo antes de voltar para
a cozinha, onde havia algo fritando em uma frigideira. – Além do mais, como não
acordamos cedo, nós vamos chegar tarde à reunião do corpo docente antes da
apresentação.
Meu pai consultou a hora e resmungou.
— Por que colocam essas coisas tão cedo? Como se alguém quisesse ter que descer
lá à essas horas.
— Tem toda razão. – murmurou minha mãe.
Para eles, qualquer hora antes do meio dia era cedo demais. No entanto, tinham
trabalhado como professores desde que me lembrava, sem esquecerem nem um único dia
de sua grande disputa com as oito da manhã.
Acabaram de se preparar enquanto eu tomava o café da manhã, fizeram algumas
brincadeiras com intenção de me animar e me deixaram sozinha sentada à mesa. Pois
bem. Muito tempo depois que desceram as escadas e os ponteiros do relógio se
arrastaram sigilosamente para a hora da apresentação, eu continuei na cadeira. Acho que
eu tentava me convencer de que, enquanto não terminasse com meu café, não teriam que
ir conhecer todas essas pessoas novas.
O fato de que Joe estaria entre elas – um rosto amigo, um protetor – ajudava um
pouco. Mas não muito.
Finalmente, quando ficou óbvio que não poderia mais adiar, entrei em meu quarto e
vesti o uniforme da Meia Noite. Odiava o uniforme; eu nunca havia tido que usá-lo. No
entanto, o pior de tudo foi que, ao entrar no meu quarto, voltei a recordar o estranho
pesadelo que tinha tido essa noite.
Uma camisa branca engomada.
Espinhos arranhando minha pele, me surrando, me animando a regressar.
Uma saia vermelha pregueada.
Pétalas se ondulando para cima e se escurecendo, como se queimassem no meio de
uma fogueira.
Um suéter cinza com o escudo da Meia Noite.
OK. Esta não é uma boa ocasião para deixar de ser uma mórbida irremediável?
Como já, por exemplo?
Decidida a me comportar como uma adolescente normal e comum pelo menos no
primeiro dia de aula, eu me olhei no espelho. O uniforme não me caia precisamente mal,
ainda que também não caia lindo de morrer. Fiz um rabinho no cabelo, sacudi um
raminho que tinha me passado despercebido e decidi não dar mais volta: já estava
preparada.
A gárgula continuava me encarando insistentemente, como se tivesse se
perguntando como era possível que alguém pudesse ter essa pinta. Ou talvez estivesse
zombando pelo tumultuoso fracasso do meu plano. Pelo menos não teria mais que olhar
para sua horripilante cara. Endireitei-me e saí do meu quarto... pela última vez: deixava
de me pertencer de agora em diante.
Tinha estado vivendo no internato com meus pais no último mês, então tive tempo
para explorar a escola de cima a baixo: desde o grande saguão até as classes importantes
no térreo, que depois se dividiam em duas torres enormes. Os garotos viviam na torre
Norte com parte dos apartamentos dos professores, e, além disso, tinha um par de salas
que cheiravam a mofo e estavam cheias de arquivos, onde pelo visto iam parar todos os
registros. As garotas se alojavam na Torre Sul, junto com o restante dos apartamentos dos
professores, incluindo minha família. Os andares superiores do edifício principal, em
cima do grande saguão, se alojavam as salas e a biblioteca. Com o tempo, tinham
ampliado e feito adições à Meia Noite, portanto nem todas as seções tinham o mesmo
estilo ou estavam em perfeita simetria com o resto. Havia alguns corredores serpenteantes
que não conduzia a parte alguma. Do quarto da minha torre eu estudava o telhado, um
manto de fragmentos de arcos, taboas e estilos diferentes. Tinha aprendido a me mover
pelo edifício e seus arredores, era a única forma para me sentir preparada para enfrentar o
que vinha pela frente.
Voltei a descer os degraus. Dava na mesma todas as vezes que fazia esse caminho,
sempre tinha a sensação de que cairia rolando pela desgastada escada até o último degrau.
Olha como você é idiota se preocupando com pesadelos com flores murchas ou com cair
da escada, disse a mim mesma. Aguardava-me algo muito mais assustador.
Cheguei embaixo e saí ao saguão. Essa mesma manhã, mais cedo, tudo estava em
silêncio, como em uma catedral. Agora, estava abarrotado de gente e suas vozes
ressoavam em todas as partes. Apesar dos barulhos, tive a sensação de que meus passos
retumbaram na sala porque várias pessoas se viraram para mim de uma vez; era como se
todo mundo tivesse se virado para olhar o intruso, como se eu levasse pendurado no
pescoço um letreiro em neon que dizia: A NOVA.
Os alunos, reunidos em grupos muito apertados para que pudesse entrar um recém
chegado, voltaram seus vivos olhos escuros para mim. Foi como se todos pudessem sentir
o pavor pairado do meu coração. Todos me pareciam iguais, não de uma maneira clara e
precisa, mas sim da perfeição que compartilhavam. Os cabelos de todas as garotas
brilhavam, e elas os deixavam soltos sobre os ombros ou presos em um elegante coque.
Todos os garotos pareciam seguros de si mesmos e vigorosos, com sorrisos que lhes
serviam de máscaras. Todo mundo vestia o uniforme: suéteres, saias, jaquetas e calças
com todas as variações possíveis: cinzas, vermelhos, com xadrez, pretos. Todos levavam
o escudo do corvo bordado e o resplandeciam como se fosse o brasão de sua família.
Todos esbanjavam segurança, superioridade e desdém. Senti o calor que se desprendia ali
em pé, na periferia do lugar, mudando de um pé para o outro, desconfortável.
Ninguém me cumprimentou.
O murmúrio geral voltou a se impor imediatamente. Pelo visto, as garotas novas
deselegantes não mereciam mais que alguns instantes de atenção. Minhas bochechas
queimavam de vergonha, porque era óbvio que tinha feito alguma coisa errada, mas não
consegui imaginar o que poderia ser. Por acaso teriam sentido, assim como eu, que na
verdade eu não iria me encaixar ali?
Perguntei-me por onde andava Joe. Estiquei o pescoço, o procurando pela
multidão. Achava que poderia enfrentar tudo aquilo se Joe estivesse do meu lado.
Talvez fosse uma idiotice nutrir esse tipo de sentimento para um cara que eu mal
conhecia, mas o fiz assim mesmo. Joe tinha que estar em algum lugar, mas não
consegui encontrá-lo. Sentia-me completamente sozinha no meio de todas essas pessoas.
À medida que ia margeando o salão para um canto, comecei a reparar em que havia
outros alunos que estavam na mesma situação que eu ou, pelo menos, que também eram
novos. Um garoto loiro com um bronzeado de praia vestia uma roupa tão amassada que
dava a impressão ter dormido vestindo ela, ainda que precisamente ali não parecesse que
ir super-informal fosse te fazer ganhar pontos. Por baixo da jaqueta, mas encima do
suéter, usava aberta uma camisa Havaiana de cores tão berrantes que se destacavam na
penumbra de Meia Noite. Também havia uma garota com o cabelo muito escuro e tão
curto que parecia um garoto. O corte de cabelo não era descontraído e juvenil, mas sim
dava a impressão de que foi feito com uma navalha de barbear de um jeito que melhor lhe
tinha parecido. O uniforme, dois números maior, penduravam pelos ombros. Era como se
as pessoas se afastassem dela, como se os repelisse com um campo de energia. Como se
fosse invisível. Tinham-lhe colocado o sambenito de insignificante, antes mesmo da
primeira aula.
Como eu podia ter tanta certeza disso? Bem, porque também tinha acontecido
comigo. Estava parada na periferia da multidão, agoniada pelos murmúrios, intimidada
pelo sagão de pedra e tão perdida quanto se pode estar.
— Atenção!
A voz retumbante quebrou o barulho e o reduziu ao silêncio. Todo mundo se voltou
de uma vez para o extremo do grande saguão, onde a Senhora Darbus, a diretora, tinha
subido ao pódio.
Ela era uma mulher alta, de abundante cabelo escuro que levava preso no cangote,
com as mulheres da época vitoriana. Foi-me impossível adivinhar sua idade. Usava uma
blusa de renda que se fechava com um broche dourado no pescoço. Se você considera
que a severidade é um sinônimo de beleza, não haveria ninguém mais atrativo que ela. Eu
a tinha conhecido quando meus pais e eu nos instalamos nos apartamentos do corpo
docente e ela já tinha me intimidado um pouco, ainda que me obrigasse a lembrar que
mal a conhecia.
De qualquer forma, nesse momento ela parecia mais imponente ainda. Ao ver com
que imediata e facilidade impunha ordem naquela sala cheia de pessoas, – as mesmas que
haviam me excluído de mútuo e tácito acordo antes de me dar a oportunidade de que me
ocorresse algo que dizer – compreendi pela primeira vez que a senhora Darbus tinha
poder. E não se tratava do poder que acompanha de maneira inerente ao cargo de
diretora, mas sim ao poder real, ao inato.
Assinar:
Postagens (Atom)